Tem ditado
popular que retrata a realidade humana de forma precisa. Um deles, diz que por
trás de todo homem bem-sucedido há sempre uma grande mulher. Nem os religiosos,
sejam eles celibatários ou não, escapam dessa verdade. Socorro, Rosário e
Laudicéa são provas vivas desse adágio. Elas são as mães do clero da Paróquia de
Casa Forte. Educaram seus filhos para o mundo. Deram-lhes base e liberdade para
que eles mesmo traçassem o caminho a seguir, em busca da realização
profissional e pessoal. Não azucrinaram seus ouvidos. Não pressionaram para que
eles abraçassem ou desistissem do sacerdócio ou diaconato. E o que é melhor,
tornaram-se, assumidamente, tietes dos seus filhos.
Socorro
Soares dos Santos, 61 anos, artesã, é a mãe do padre Deyvson Soares. Rosário
Dutra de Moraes Barbosa, 67, professora fora de atividade, é a do padre Paulo
Dutra e, na retaguarda do diácono Aerton Carvalho, a mandante é Laudicéa de
Carvalho Silva, 69, professora por formação e, por diletantismo, caixa em um estabelecimento
comercial da família. Todas de classe média, católicas, comunicativas e
presença ativa na vida destes e dos outros filhos que formam suas famílias. São
mães realizadas.
Folha Forte – Que tipo de emoção toma conta de
vocês, quando veem seus filhos no altar?
Socorro Soares – Eu grávida dele, ia à Capela onde
morávamos, todas as quintas-feiras e o entregava aos cuidados de Nossa Senhora.
Hoje, quando eu o vejo no altar e escuto
o que ele fala sobre Jesus, sobre a Igreja, eu me sinto a pessoa mais feliz do
mundo. Quando termina a Missa, eu comento sobre minha emoção com ele. E sei que
tudo é obra do Espirito Santo.
Laudicéa Carvalho Silva – Acho bonito. Sinto um orgulho
enorme por ele ser um homem que está ali atendendo um chamado de Deus.
Rosário Dutra de Moraes
Barbosa – É uma
emoção forte. Eu vejo, eu sinto a forma humana como ele transmite o evangelho,
e isso me toca profundamente. É meu filho, mas eu não fico só pensando que é
meu filho que está ali. É muito mais que isso.
FF –A senhora exerceu algum tipo de
influência para ele ser um homem de Deus?
SS – Não. Desde pequeno, ele dizia que
seria padre ou professor. Eu não dava muita importância e até reclamava das
brincadeiras dele, rezando missa e acendendo vela junto com Jorge, seu amigo de
infância. O fato é que os dois foram ordenados sacerdotes, com a graça de
Deus.
LCS – Nenhuma. O desejo foi dele. Eu não
tinha o costume de levar meus filhos para missa. Aerton, com 6 anos de idade,
pulava a janela e ia para a missa logo cedo. A igreja ficava juntinho de nossa
casa, quase em frente. Foi Deus que o chamou.
RDMB– Dizem que minha forma de vida o
levou a fazer essa escolha. Ele estudou em colégio de freiras, e uma delas me
revelou que pedia em oração para ele se tornar um religioso. Confesso que,
quando ele largou a carreira de grande advogado, o trabalho que tinha, deixou a
nossa casa para ir para o seminário, eu chorei muito. Demorei a ir visitá-lo.
Hoje, sou muito feliz. Sou uma pessoa realizada.
FF – Onde a senhora espera que ele
chegue como religioso?
SS – Com todo meu coração e meu amor,
só desejo que ele seja sempre feliz, ouvindo o que Deus coloca no coração dele.
Que ele permaneça fiel aos projetos do Senhor. Agradeço por ele se sentir bem
na Paróquia de Casa Forte e pela acolhida que ele recebeu. Quero que meu filho cresça na comunidade
paroquial e que a comunidade cresça com ele. Que não lhe falte a sabedoria que
vem de Deus.
LCS –Tudo o que eu quero é que ele
atinja os corações dos que necessitam e buscam a palavra de Deus. Basta ele
fazer isso.
RDMB- Para mim, o futuro dele é servir a
Deus. Que ele continue firme e forte na fé. Que tenha sempre na mente seguir a
Cristo e não mude sua forma de ser. Ele tem o pé no chão.
FF – A senhora já se confessou com ele?
Já contou seus pecados?
SS – Falamos como mãe e filho. Mas,
muitas vezes, ele fala comigo como padre e eu o ouço como ovelha do rebanho que
Deus lhe concedeu a graça de cuidar. Ele me orienta, reza por mim.
RDMB – Nunca. Ele sabe tudo da minha
vida. Converso, conto tudo a ele. Mas confessar, confessar nunca pensei nessa
hipótese.
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