Vaticano está atento aos jovens da cultura digital


Cardeal Gianfranco Ravasi

O Pontifício Conselho para a Cultura (CPC) da Santa Sé apresentou nesta quinta-feira, 31, a sua assembleia plenária anual, destacando a importância de compreender os jovens como “nativos digitais” na sua comunicação. A reunião irá acontecer de 6 a 9 de fevereiro e tem como tema ‘Culturas juvenis emergentes’.
O presidente do Pontifício Conselho, Cardeal Gianfranco Ravasi, destacou o “salto de geração” verificado, de maneira especial, no âmbito da comunicação.
“A sua linguagem [dos jovens] é diferente da minha, e não é só porque usam um décimo do meu vocabulário: os nossos jovens são nativos digitais e a sua comunicação adotou a simplificação do Twitter, a imagem dos sinais gráficos dos celulares, ao diálogo feito através de contatos diretos visíveis, audíveis e por aí vai, substituiram o frio bate-papo virtual através da tela”, disse o cardeal em coletiva de imprensa.
O cardeal ressaltou ainda que essa mudança tecnológica influenciou também a moral e as escolhas dos jovens.
“A lógica informática binária do ‘save’ (salvar) ou ‘delete’ (apagar) regula também a moral, que é apressada: a emoção imediata domina a vontade, a impressão determina a regra, o individualismo pragmático é condicionado apenas por eventuais modas de massa”, prosseguiu.
Dom Ravasi fez alusão à imagem dos jovens que caminham com os fones de ouvido, como se estivessem “‘desligados’ da insuportável complexidade social, política, religiosa” criada pelos adultos.
“A diferença dos jovens não é apenas negativa, mas contém sementes surpreendentes de fecundidade e autenticidade”, sublinhou, elogiando os compromissos no voluntariado, no esporte, na música, na espiritualidade ou na amizade.
Mudança de linguagem
O bispo português Dom Carlos Azevedo, delegado do Pontifício Conselho, apresentou o programa do evento aos jornalistas, frisando a importância de atender a fenômenos como o desemprego, a cultura digital e o “alfabeto emotivo” das novas gerações.
Estas questões, defendeu, “exigem um discernimento por parte da Igreja” e uma profunda mudança de linguagem. “As culturas juvenis emergentes mostram a vulnerabilidade, a insegurança, a fragilidade de fórmulas repetitivas”, alertou o prelado.
À Igreja, acrescentou Dom Carlos, compete “abrir uma brecha no pessimismo, no medo do futuro, mesmo que as condições econômicas e o desemprego tendam a piorar nos próximos anos”.
Os trabalhos da assembleia plenária vão abordar questões como ‘Do universo ao ‘multiverso’, ‘análise das culturas juvenis’, ‘Nativos digitais: linguagem e rituais’ ou a ‘Fé na juventude’.
Anseio dos jovens pelo Evangelho
O documento preparatório, distribuído à imprensa, fala da importância de “acolher o anseio dos jovens pela dimensão profética do Evangelho, na denúncia de hipocrisias e incoerências” e alimentar a “esperança que liberta da superficialidade e empenha as pessoas na justiça social, nas causas ecológicas e nos movimentos de superação de preconceitos”.
O Cardeal Ravasi lançou uma questão aos jovens no seu Twitter pessoal como forma de preparar o próximo encontro: “Fé nos jovens: onde e como é que a Igreja se faz + presente para eles, com suas alegrias, esperanças, medos, necessidades?”.
O acesso à reunião anual é limitado aos membros do Pontifício Conselho para a Cultura e seus consultores. Os participantes serão recebidos em audiência por Bento XVI no dia 7 de fevereiro.
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