Igreja, movimentos e governos firmam políticas públicas

Arcebispo e o governador
Um sofrimento que se repete pelo menos a cada cinco anos, que na verdade poderia ser minimizado com políticas públicas de médio e longo prazo, que tivessem como  prioridade o homem do campo.  Inevitável evento climático, a seca, foi o mote para o lançamento das  “Diretrizes para a Convivência com o Semiárido”. O documento produzido pela Igreja Católica em parceria com entidades sociais do meio rural como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), traz pelo menos 88 medidas de ações estruturadoras. As ideias foram discutidas nesta quarta-feira, 20, entre os bispos do Nordeste, prefeitos e representantes dos governos estaduais e Federal. Também participou do encontro, que faz parte da terceira fase da campanha “Tem gente com sede de solidariedade”, o vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Belisário.
Atualmente a seca atinge mais de 9,7 milhões de pessoas em 1,2 mil municípios do Nordeste. A situação de calamidade foi mostrada durante a exibição de reportagens, as imagens da terra seca, dos animais mortos ilustravam a dor dos depoimentos de homens e mulheres que sobrevivem no campo. Por outro lado, também foram exibidos vídeos  que mostraram as ações que estão mudando a convivência com o semiárido. As chamadas cisternas calçadões, que captam e armazenam a água da chuva e os tanques de pedra, valas naturais aprofundadas na rocha.
A crítica maior das entidades organizadoras do evento, que aconteceu na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), foi a falta de uma política efetiva para a área de recursos hídricos. Os bispos e os representantes dos movimentos sociais questionaram a demora das obras da Transposição do Rio São Francisco, bem como a implantação de adutoras, poços e barragens, especialmente para os moradores das áreas mais pobres do Agreste e  do Sertão. “Os governos só se preocupam com as medidas emergenciais, mas precisamos de políticas permanentes. Não podemos esquecer que 50% da produção da agricultura familiar está no Nordeste”, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch.
Depois de apresentar os principais eixos do documento, os representantes dos poderes públicos foram unânimes no reconhecimento das propostas e se mostraram abertos a discutir as ideias dentro da realidade de cada estado. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, não pode comparecer ao evento, porém fez questão de tomar café da manhã e conversar com os bispos sobre as “Diretrizes para a Convivência com o Semiárido”. O encontro aconteceu nesta quinta-feira, 21, na sede da CNBB NE2, no Recife. “O governador se disse muito satisfeito com o material que nós entregamos, inclusive ela já tinha lido um pouco e se comprometeu em priorizar as proposições que fizemos”, declarou o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.
Ainda de acordo com dom Saburido, para acompanhar o andamento da caminhada assumida pelos governos e também pelas entidades sociais, a partir do ano que vem poderá ter início um fórum anual tendo como data o dia 20 de março, marco dessas parcerias entre Igreja, movimentos sociais e governos em favor do campo. “É preciso avaliar e estar sempre atento às necessidades do meio rural, nossa intenção é não parar por aqui, mas dá continuidade a uma série de ações já iniciadas e as novas que começarão a ser implantadas”, adiantou o arcebispo.
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